Encontrei uma óptima crónica sobre os Açores, no site
http://erhos.cadernovirtual.net/ que reproduzo na integra.
Os poemas dão uma vida especial a este texto... Aqui fica:
Formada por vulcões impiedosos, há um grupo de ilhas habitadas por gente simples, festiva, singular, triste com um sorriso, e feliz com lágrimas. Essas ilhas são os Açores. Sabemos dos Açores ser um arquipélago localizado no meio do oceano Atlântico. Sabemos ser composto por nove belas ilhas e alguns ilhéus. Sabemos até que neles nasceram grandes vultos da cultura portuguesa, como Vitorino Nemésio, Natália Correia, entre outros.
Torna-se então importante conhecer o Homem açoriano: a sua história, que começou no século XV, a sua essência e a sua experiência/fruto, algo a que Nemésio em 1932 chamou de açorianidade.
Açorianidade é a alma do ser açoriano, que emerge na sua obra artística e revela-se no seu ser. Exprime a génese da alma de um ser-se açoriano que, sujeito a condicionantes de ordem geográfica, ao vulcanismo das ilhas, limitações económicas e à “insularidade”, criou respostas às suas ambições e combateu as adversidades que lhe foram sendo criadas. Espelha também as suas manifestações culturais e religiosas populares, a sua idiossincrasia, e os falares tão distintos de ilha para ilha, tudo isso conferindo-lhe identidade.
Vendo o mar a toda à sua volta, o açoriano fez-se a ele. No início do século XX o carácter aventureiro do açoriano levou-o a descobrir novas paragens por mar. O Barco e o Sonho, novela de Manuel Ferreira, relata a aventura de um desses aventureiros que, vendo-se fechado na sua ilha, lançou-se ao mar num pequeno barco a caminho do novo mundo. De facto o açoriano foi e espalhou-se por todo o continente americano. Os Estados Unidos, Canadá e Brasil receberam uma grande quantidade de açorianos à procura de melhores condições de vida. Foram e levaram consigo a sua cultura, que enraizaram e disseminaram pelas terras que os acolheram. Exemplo é a cidade de Florianópolis, no estado de Santa Catarina, Brasil, que constitui um enorme foco cultural açoriano. Fall River, nos Estados Unidos da América, é outra cidade maioritariamente açoriana, onde podemos assistir anualmente às tradições culturais e religiosas, como os impérios do Espírito Santo por exemplo.
Vamos então falar dos Açores…
PP
Não nos interessa discutir a descoberta ou achamento dos Açores. Se foi, de facto Gonçalo Velho Cabral ou se já havia conhecimento anterior de algumas das ilhas quando do regresso das naus das ilhas Canárias. Controvérsias aparte, sabe-se que Gonçalo Velho chegou a Santa Maria em 1431 e que uma carta do Infante Dom Henrique dá conta ao seu irmão D. Pedro da exploração do território, em 1439
Não vamos especular sobre a lenda da Atlântida submersa, contada por Platão. Ele relatava que essa catástrofe fora um castigo dos deuses, pelo facto de nas populações originais ter nascido o orgulho, a vaidade, o luxo desnecessário, a corrupção e o desrespeito para com os deuses. Do território submerso apenas as maiores elevações escaparam e constituiriam o arquipélago. São lendas como existem imensas em todos os Açores.
Não tenho a natureza humana em muito boa conta (FM). De uma maneira geral, perversa, egoísta, interesseira, desleal. Mas aqui, como noutros locais, que eu não conheço, aqui nos Açores, eu consigo reconciliar-me com o género humano. Talvez a paisagem bucólica de hortensias ajude. Mas são principalmente as pessoas, as pessoas lindas, generosas, altruístas que, fora dos Açores, tão raramente encontramos, que fazem destas ilhas um paraíso. Um dos poucos. Que o progresso está a destruir…
Eis-nos em São Miguel. E no seu ex-libris: a Lagoa das Sete Cidades. Chamada Vista do Rei, numa alusão à visita de Dom Carlos em 1901. E o início do deslumbramento
“Eu vi o Amor — mas nos seus olhos baços /Nada sorria já: só fixo e lento Morava agora ali um pensamento /De dor sem trégua e de íntimos/ cansaços. //Pairava, como espectro, nos espaços, /Todo envolto n’um nimbo pardacento… /Na atitude convulsa do tormento, /Torcia e retorcia os magros braços… //E arrancava das asas destroçadas //A uma e uma as penas maculadas, /Soltando a espaços um soluço fundo, //Soluço de ódio e raiva impenitentes… /E do fantasma as lágrimas ardentes /Caíam lentamente sobre o mundo!” (Antero de Quental)
Oiça o poema
“Glorifiquei-te no eterno. /Eterno dentro de mim /fora de mim perecível. /Para que desses um sentido /a uma sede indefinível. //Para que desses um nome /à exactidão do instante / do fruto que cai na terra /sempre perpendicular /à humidade onde fica. //E o que acontece durante /na rapidez da descida /é a explicação da vida” (Natália Correia)
Oiça o poema
“Harmonioso vulto que em mim se dilui. /Tu és o poema /e és a origem donde ele flui. /Intuito de ter. Intuito de amor /não compreendido. /Fica assim amor. Fica assim intuito. /Prometido.” (Natália Correia)
Oiça o poema
“Príncipe secreto da aventura /em meus olhos um dia começada e finita. Onda de amargura numa água tranquila. /Flor insegura enlaçada no vento que a suporta. /Pássaro esquivo em meus ombros de aragem /reacendendo em cadência e em passagem /a lua que trazia e que apagou. “(Natália Correia)
“Dá-me a tua mão por cima das horas. /Quero-te conciso. /Adão depois do paraíso /errando mais nítido à distância /onde te exalto porque te /demoras.” (Natália Correia)
“Toma o meu corpo transparente /no que ultrapassa tua exigência/ taciturna / Dou-me arrepiando em tua face /uma aragem nocturna. //Vem contemplar nos meus olhos de vidente //a morte que procuras nos braços que te possuem para além de ter-te. //Toma-me nesta pureza com ângulos de tragédia. /Fica naquele gosto a sangue /que tem por/ vezes a boca da inocência.” (Natália Correia)
“Aumentámos a vida com palavras /água a correr num fundo tão vazio. /As vidas são histórias aumentadas. /Há que ser rio. //Passámos tanta vez /naquela estrada /talvez a curva onde se ilude o mundo. /O amor é ser-se dono e não ter nada. /Mas pede tudo.” (Natália Correia)
Oiça o poema
“Tu pedes-me a noção de ser concreta /num sorriso num gesto no que abstrai /a minha exactidão em estar repleta /do que mais fica quando de mim vai. //Tu pedes-me uma parcela de certeza /um desmentido do meu ser virtual /livre no resultado de pureza /da soma do meu bem e do meu mal. /(Deixa-me assim ficar. E tu comigo /sem tempo na viagem de/ entender /o que persigo quando te persigo. //Deixa-me assim ficar no que consente /a minha alma no gosto de reter-te /essencial. Onde quer que te invente.” (Natália Correia)
Lagoa do Fogo
“Eis-me sem explicações /crucificada em amor: /a boca o fruto e o sabor. ” (Natália Correia)
“Pusemos tanto azul nessa distância /ancorada em incerta claridade…” (Natália Correia)
Oiça o poema
“Vida que às costas me levas/porque não dás um corpo às tuas trevas?/Porque não dás um som àquela voz/que quer rasgar o teu silêncio em nós?/Porque não dás à pálpebra que pede/aquele olhar que em ti se perde?/Porque não dás vestidos à nudez/que só tu vês?” (Natália Correia)
Oiça o poema
“Espáduas brancas palpitantes:/asas no exílio dum corpo./Os braços calhas cintilantes/para o comboio da alma./E os olhos emigrantes/ no navio da pálpebra/ encalhado em renúncia ou cobardia./ Por vezes fêmea. Por vezes monja./Conforme a noite. Conforme o dia./ Molusco. Esponja embebida num filtro de magia./Aranha de ouro/ presa na teia dos seus/ ardis./E aos pés um coração de louça/ quebrado em jogos infantis.” (Natália Correia)
Oiça o poema
Natália Correia (1923-1993), aqui num quadro de Artur Bual, foi uma intelectual, poeta e activista social de origem açoriana, autora de extensa e variada obra literária. Foi também Deputada à Assembleia da República. A obra de Natália Correia alberga géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Foi figura central das tertúlias que reuniam em Lisboa nomes importantes da cultura portuguesa nas décadas de 1950 e 1960, no seu Botequim.
Mosteiros (SM):… Atirar pérola a porco?/Não me queimo na parábola./Em mãos que brincam com o fogo/é que eu não ponho a espada….(Natália Correia)
…Há um cipreste que se dissimula /No dia que nos leva pela mão./E entre brasas de sol que ardem na rua /Uma pomba que faz de coração. … (Natália Correia)
Oiça o poema
A Igreja da Vila das Sete Cidades
Este esplendor que nos torna mais puros (será?)
“Voar é a principal vocação dos pássaros e anjos. Mas a humanidade está infelizmente sempre pronta a ignorar esse apelo” (João de Melo)
E eis-nos noutra lagoa: a das Furnas
Terra Nostra, junto à lagoa das Furnas que tem a particularidade de ser de água férrea e quente
Os campos de fumarolas, como o das Furnas, são áreas de concentração de nascentes termais e outras manifestações geotérmicas, em geral associadas a zonas onde rochas ígneas quentes se encontram a pequena profundidade
Aqui nas Furnas aproveita-se o calor vulcânico, enterrando-se panelas com os ingredientes do cozido e retirando-se horas depois já cozinhado. Tem um sabor diferente e é típico de São Miguel
Furnas (jardim)
Mais um pormenor dos jardins do Terra Nostra
“…Experimentai confiar-vos de novo à mulher. Ela saberá sempre, de vós, tudo quanto o destino ainda não disse” (João de Melo)
Ponta Delgada à noite
As Portas da Cidade de Ponta Delgada. Foi elevada a cidade por Carta Régia (depois de Angra)
Ouve tu, meu cansado coração, /O que te diz a voz da natureza:/ – «Mais te valera, nu e sem defesa,/ Ter nascido em aspérrima solidão,// Ter gemido, ainda infante, sobre o chão/ Frio e cruel da mais cruel deveza,/ Do que embalar-te a Fada da Beleza,/ Como embalou, no berço da Ilusão!// Mais valera à tua alma visionária,/ Silenciosa e triste ter passado/ Por entre o mundo hostil e a turba vária,// (Sem ver uma só flor das mil, que amaste,)/ Com ódio e raiva e dor – que ter sonhado/ Os sonhos ideais que tu sonhaste!» (Antero de Quental)
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Antero de Quental (1842-1891): poeta, filósofo, político. Natural de Ponta Delgada, aqui se suicidou com dois tiros na boca, nesta praça. De Antero disse Eça de Queiroz, que o conheceu em Coimbra, ser um génio e um santo.
Uma dúvida que sempre me assaltou foi saber até que ponto era específica a cultura açoreana. Aqui uma escultura de lava, tão frequente em Ponta Delgada, onde se encontram verdadeiros monumentos rendilhados em rocha vulcânica ao lado das construções mais simples
Pormenor das Janelas na Casa do Museu (in geocrusoe.blogspot.com). O estilo Manuelino que vem do Gótico tardio não mascara a estrutura dos edifícios ao mantê-los livres de ornamentação desnecessária: as paredes exteriores ou interiores são geralmente nuas, concentrando-se a decoração em determinados elementos estruturais, como janelas, portais, tectos, abóbadas, pilares e colunas, frisos, cornijas e contrafortes, além de túmulos, fontes, cruzeiros, etc. Nos Açores aquilo que é específico é a utilização da lava para a construção dessas ornamentações
Outra janela com a utilização dos mesmos materiais
Igreja Matriz de Ponta Delgada, onde são bem patentes as ornamentações em lava.
Caldeira Velha
Ilhéu defronte de Vila Franca do Campo em São Miguel. Vila Franca foi a primeira capital da ilha, no século XVI
Ilhéu de Vila Franca do Campo que abriga, no interior, o que deverá ter sido uma pequena caldeira e é, hoje, uma autêntica piscina natural em forma de concha.
Angra do Heroismo com o Monte Brasil.Inicialmente, foi povoada pelo flamengo Jácomo de Bruges, que a baptizou de Angra, que significa pequena baía. Em 1474, João Vaz Corte-Real foi nomeado primeiro-donatário da capitania de Angra. Paulo Gama faleceu aqui, em 1499, quando regressava com o seu irmão Vasco da Gama da viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia.
A minha casa é concha. Como os bichos/Segreguei-a de mim com paciência:/Fechada de marés, a sonhos e a lixos,//O horto e os muros só areia e ausência./Minha casa sou eu e os meus caprichos./O orgulho carregado de inocência/Se às vezes dá uma varanda, vence-a/O sal que os santos esboroou nos nichos.//E telhadosa de vidro, e escadarias/Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!/Lareira aberta pelo vento, as salas frias.//A minha casa… Mas é outra a história:/Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,/Sentado numa pedra de memória. (Vitorino Nemésio)
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Agora um pouco de História: com a crise sucessória de 1580, após o desastre de Alcácer-Quibir e a morte do Cardeal D. Henrique, foi diferente o comportamento das gentes de São Miguel e Terceira. Enquanto as primeiros se inclinaram para as pretensões de Filipe II de Castela, as da Terceira defenderam as de D. António, Prior do Crato.
No entanto as forças de D. Antonio foram derrotadas e esse desfecho conhecido em Angra, fez acelerar ainda os preparativos bélicos, já que o ataque castelhano parecia agora iminente.
Na ilha de São Miguel, as câmaras, reunidas para deliberarem a posição a tomar, resolvem escrever a Filipe II comunicando-lhe a sua fidelidade. Esta adesão, a que se seguiu a da ilha de Santa Maria, deixou apenas as ilhas dos grupos central e ocidental do arquipélago como bastiões do apoio ao Prior do Crato.
O partido castelhano tentou a todo o custo uma solução negociada que permitisse a rendição dos açorianos da Terceira, capitaneados por Ciprião de Figueiredo, que foi liminarmente rejeitada
Perdida a esperança de uma solução negociada, Filipe II resolve recorrer à força e envia à Terceira uma esquadra de 10 navios, 8 dos quais galeões de alto bordo, com 1000 homens de guerra, com o objectivo de submeter a ilha. Depois de bordejar as costas da Terceira na Baía da Salga, próximo da vila de São Sebastião, a armada castelhana inicia o desembarque. Apanhados de surpresa, os defensores daquela zona da ilha recorrem à largada de bovinos nos caminhos por onde as forças castelhanas pretendiam penetrar em terra, atrasando-as o suficiente para permitir o reagrupar dos defensores da ilha. Da batalha que se seguiu, a batalha da Salga, resultou uma humilhante derrota para a força invasora, obrigada a retirar com centenas de mortos, a maioria por afogamento no reembarque precipitado
Praia da Vitória: Outros acontecimentos históricos relevantes: No século XIX a Ilha Terceira foi palco das lutas liberais em defesa de D. Pedro IV e aí D. Maria II foi aclamada rainha. De 1828 a 1829, Angra do Heroísmo foi a capital constitucional do reino. Em 1832, a armada partiu em direcção ao Mindelo, proclamando a Carta Constitucional. Em 1837 foi acrescentado Vitória ao nome da vila, em memória da resistência e vitória dos liberais açorianos sobre os absolutistas em 1829.
Biscoitos: aqui se cultiva uma vinha que é das mais afamadas dos Açores. Mas na gastronomia terceirense o maior destaque vai para a alcatra e entre os doces as famosas cornucópias.
Vitorino Nemésio: para o grande público a sua popularidade deveu-se à sua extraordinária capacidade de comunicação. Com um leve sotaque açoreano começava a discorrer sobre um assunto, mas depois era levado pela memória de outras vivências e vinha uma enxurrada de histórias fascinantes. Foi o autor de um grande romance “Mau tempo no canal”, poeta e Professor na Faculdade de Letras de Lisboa. Sobre o enredo de Mau tempo no canal decorre à volta de um namoro entre João Garcia (filho de uma família nova-rica sem títulos) e uma menina de seu nome Margarida Clark Dulmo (originária de uma família respeitável, aristocrática, com origens estrangeiras novas, mas em quase falência), cujas famílias estão afastadas por antigas questões e ressentimentos. Este é o ponto de partida mas o livro vai muito mais longe…
…Nemésio retrata-nos as relações entre as famílias mais ou menos abastadas, com as suas rivalidades, cumplicidades ou quezílias, casamentos de interesse, casando sobrinha com tio ou com um filho de Barão, da rede de influências que se fecha para prejudicar uma família que em tempos tentou desgraçar outra. O modo como os baleeiros são descritos, gente simples e boa, é apaixonante. Os afectos, as paixões e os amores surgem-nos inteiros, frescos, intensos. Entramos no coração de uma menina dividida entre o amor original de um rapaz de família indesejada e o dever de alianças com famílias de bem. As hesitações e a personalidade são-nos aqui magistralmente descritas.
Numa vista panorâmica da Terceira não nos damos conta dos estragos causados pelo grande terramotom de 1980. No entanto outros grandes sismos tinham já ocorrido, como a Caída da Praia (1614 e 1841), o Mandado de Deus (1757). Mas além destes é grande a actividade sísmica e vulcânica da zona
“Chamei em volta do meu frio leito / As memórias melhores de outra idade, Formas vagas, que às noites, com piedade, /Se inclinam, a espreitar,/sobre o meu peito… //E disse-lhes: No mundo imenso e estreito Valia a pena, acaso, em ansiedade /Ter nascido? Dizei-mo com verdade, memórias que eu ao seio estreito. //Mas elas perturbaram-se – coitadas! /E empalideceram, contristadas, /Ainda a mais feliz, a mais serena… //E cada uma delas, lentamente, /Com um sorriso mórbido, pungente, /Me respondeu: – Não, não valia a pena!” (Antero de Quental)
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Império do Espírito Santo: uma de várias capelas populares, onde se celebram as festas do Espírito Santo
Santa Maria: freguesia de Almagreira
Ilha do Pico
Baleia junto ao Pico
Museu dos baleeiros na vila das Lages. Uma imagem das Lages. Após a Segunda Guerra Mundial, quando a baleação iniciava a sua recuperação após o abrandamento forçado pelo conflito, a comunidade internacional decidiu que a caça sem regras não poderia continuar sob pena de extinção da maioria das espécies de cetáceos. Assim, em 1946 a recém fundada ONU, aprovou uma resolução criando a Convenção Internacional para a Regulação da Actividade Baleeira
Uma imagem das Lages do Pico. A partir de 1992 tem sido pedida a concessão de quotas para a exploração comercial de algumas espécies, o que tem sido recusado. Apenas alguns países nomeadamente a Noruega e o Japão recomeçaram essa actividade, a qual nada tem a ver a ver com a caça tradicional dos marinheiros açoreanos de há dezenas de anos atrás. Trata-se, em alguns casos, de autêntico genocídio
Pesca de atum
Até no carro te canto, /Fala a fala, seio a seio, /Espantado de um encanto Que mais parece receio //De te perder à partida /Pra te ganhar à chegada, Pois tu és a minha vida /Na ida e volta arriscada. //Vai o Godinho ao volante /Com seu ar de conde antigo /Que bem sabe o amor constante Que me aparelha contigo. //Poupado na gasolina, /Discreto na confidência, /Navegador à bolina /Dos rumos da nossa ausência. //Leva-me à Embaixada, ao almoço: /Travou, mas não sei que tenho: /Um resto de ardor de moço /Contigo no meu canhenho.” (Vitorino Nemésio)
Oiça o poema
Neste navio podem viver-se das experiências mais extraordinárias da nossa vida: se o mar se rebelar – o que acontece com frequência, a maioria dos passageiros que vai do Pico para o Faial ou vice-versa fica pálida, enjoada e o resto é fácil de imaginar…
O Porto da Horta foi um importante entreposto nas ligações marítimas e aéreas (hidroaviões) e por cabo submarino no Atlântico Norte, mantendo uma actividade relevante como porto comercial e local de escala de iates nas travessias entre o continente americano e a Europa. A ilha é localmente conhecida por ilha Azul
Marina da Horta. Era aqui que, há décadas, os iates que atravessavam o Atlântico, muitas vezes após violentas tempestades vinham acolher-se. Era uma espécie de “porto de abrigo”. É curioso verificar os graffitti que perduram em toda a marina e assinalam a gratidão dos marinheiros
Eis um aspecto dessas inscrições que estão espalhadas em quase toda a marina
Peter’s bar ou Café Sport : uma legenda do Faial. E legenda porque os marinheiros quando chegavam queriam, não uma genebra, mas um Gin tonico. Devo acrescentar que bebi lá um e de gin…tinha pouco! Não sei se o Mário-Henrique Leiria (autor dos Contos do Gin-Tonic) alguma vez por lá andou… Durante a Expo abriram uma sucursal mas também me não convenceu. Bom, bom, eram as peças esculpidas que se podiam ver e que constituiam um verdadeiro museu
Graciosa (vista aérea)
Corvo (a ilha mais pequena do arquipélago)
Flores: Poço da Alagoinha
S. Jorge. Não é o fim de uma viagem turística. É o início dum mergulho na alma de um povo. Talvez alegre, talvez triste? Se a lenda da Atlântida fosse verdadeira, estes ilhéus seriam naturalmente felizes porque assim teriam sido os seus ancestrais, mas talvez tristes por terem desperdiçado o paraíso. Ou tão simplemente os açoreanos tragam a melancolia portuguesa acrescida pela solidão do mar…